Oi gente, tem muito tempo que não escrevo no blog. Mas essa madrugada assisti às cenas finais do filme "The Grey", com o Liam Neesom e um bando de lobos furiosos, famintos e muito inteligentes.
Não assisti ao filme todo por ter chegado tarde do trabalho, mas assisti ao final enquanto o sono não me derrotava. A cena que mais me chamou atenção foi a oração do personagem de Liam feita no momento de maior amargura, logo após seu último companheiro morrer.
Ottway (Liam) ergue seu clamor a um céu branco, que contrasta com sua pele manchada e marcada por dor e ódio. Sua desesperança beira à heresia, mas é tão verdadeira que me chamou a atenção e acordei. E pensei no Natal e na Igreja de hoje em dia.
Depois que o personagem xinga a Deus e rosna seus impropérios aos céus, ele define a fé contemporânea: eu faço sozinho, repete insanamente o homem perdido no deserto frio da melancolia e do cinismo.
Para mim é o retrato do Natal, que já foi de Jesus, tornou-se de Papai Noel e hoje é apenas de taxa de juros do meu, do seu, do nosso cartão de crédito. A única entidade realmente onipresente na atualidade. Dessa forma, este espírito comercial que invadiu a festa de natal roubou de nós a solidariedade.
A solidariedade que deve ocorrer todo o tempo, não somente na noite que tradicionalmente se come a Ceia de Natal. Atitude esta que não ocorre mais com tanta frequência. Reencontramos amigos e estes quase repelem nosso abraço, parecendo que a amizade anterior morreu "devorada pelos lobos" da loucura enfurecida do individualismo moderno.
Quando Ottway vocifera a um Deus distante, ele apenas está repetindo o mantra da geração de crentes modernos: ou você responde agora ou então deixa que eu faço sozinho. O Deus da urgência é o deus da modernidade, é o deus dos dias sombrios onde esperar não é mais o caminho.
Acho que estou melancólico ou então, para ser sincero, também adotei a oração de Ottway: deixa que eu faço sozinho. Bem, para tentar me curar e curar alguém recomendo: neste Natal, faça algo com e por alguém. Seja realmente um seguidor de Cristo. É o que pretendo fazer.
Graça e paz, sempre.
3 comentários:
Muito bem colocado, a mensagem que o Natal deveria trazer, seria uma mensgaem de fé, de esperança e de amor. Mas tudo isto ficou na ficção. A realidade é que a maioria da sociedade esqueceu dos verdadeiros valores.
A oração feita no finalzinho do filme pelo personagem de Neesom, na verdade trata-se de um poema de seu velho pai, um homem rude e tradicionalista (sob os conceitos irlandeses)....
O personagem de Neesom estava agora repetindo um mantra que ouvira toda a sua vida, e de certa forma, encarnando a realidade de vida deixada pelo seu pai, por conta da dor e do sofrimento que vivera e que fizera que outros vivessem...
Somos hoje um pouco dessa realidade. Embora relutemos, na verdade mantemos vivas as chamas que deveríamos apagar e a dor, faz mais intensas as desigualdades; sejam as inverdades pregadas pela Igreja, ou ainda as mentiras pregadas pela sociedade. Estamos todos assim, Marcus...
Oi Marcus... Comentei 'logado' como "Artes & Amp; Personalizados" que é o Blog de artes de minha esposa... Nem percebi.. Abraços!
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